O encontro de idéias
O encontro com Luis Bandeira
Para Capulanas foi um privilégio poder ter tido uma conversa com o Diretor Teatral e dramaturgo Luis Bandeira, responsável pela direção do Gente de Teatro da Bahia, o encontro desenvolve-se em torno de temas como arte negra, teatro marginal, e resistência, Bandeira nos deu um retorno da apresentação do espetáculo “Solano Trindade e Suas Negras Poesias” tais considerações proporcionaram novos questionamentos a respeito do trabalho, e mudanças consideráveis.
O trabalho do Gente de Teatro da Bahia em muito dialoga com o nosso, sobre tudo na realização de uma arte engajada, da qual o negro se reconhece enquanto ser historio e social, sua ancestralidade é posta de maneira há reconhecer a formação da identidade brasileira. Embora o contexto racial e social na da Bahia tenha particularidades outras a São Paulo podemos reconhecer um cenário comum ao nosso, e necessidades tal qual.
A exposição das idéias de Bandeira como os processos dos grupos populares e grupos de rua, as formas de incentivos e espaços conquistados em Salvador, nos deram um panorama de quanto o movimento teatral que presa pelas questões raciais como forma legitima de arte, precisam se unir, promoverem de fato esse intercambio, enquanto movimento frente a opressão.
Foi uma noite agradabilíssima, eufórica em poder discutir com um dos maiores representantes do teatro, e que contribuiu para a compreensão de que o amadurecimento desta forma de arte é um processo de resistência há muito iniciado, por aqueles que como Capulanas necessitam de seu espaço. A troca de conteúdo foi ainda alem, uma vez que como próximo trabalho deles o foco será Solano, podemos também ter seu retorno com um olhar critico à nossa leitura.
Texto Adriana Paixão
Contrapartida MINC
“Trepar pra mim é político”
Luis Bandeira
O que a arte negra representa politicamente?
Iniciando esse questionamento faremos um panorama geral da representatividade do Capulanas Cia de Arte Negra (São Paulo) relacionando ao Gente de Teatro da Bahia (Salvador), refletindo frente a vida e obra do ativista pan africanista Leopold Sedar Senghor.
Senghor foi um poeta, ativista negro e posteriormente o primeiro presidente após a independência do Senegal. Não foi ele o primeiro poeta a apresentar a palavra negritude em suas poesias, mas foi quem a definiu como o “conjunto de valores culturais e espirituais africanos”, esses valores que independem de nacionalidade, ou território estando presentes ,tão quanto, nas diásporas africanas. Assim, somos corpos negros resistindo contra a opressão em qualquer parte do mundo.
Senghor assume a presidência em 1960 e em 1966 é realizado o I FESMAN (Festival Mundial de Arte Negra), onde ouve o encontro de artistas negros das diversas artes, de toda parte do mundo e o dialogo se estabelece através da “negritude”. Essas artes são apresentadas utilizando em maioria a oralidade e o corpo como comunicação, possibilitando a visualização de diversas obras que nunca tinham sido lidas. Para uma população que acaba de conquistar a independência, que tem 80% de analfabetos, que discute questões revolucionárias, isso é uma arte política, pois possibilita a reflexão sobre sua história.
De acordo com esses apontamentos o Gente de Teatro da Bahia, é um grupo de teatro de rua, exerce o mesmo papel político que Senghor e outros poetas pan africanistas nesse momento de independência africano exerceram, já que a população de moradores de rua de Salvador é negra e sem acesso aos grandes teatros da cidade. Se as discussões do espetáculo são direcionadas para a população negra temos que ir onde nossos irmãos estão, assim estamos praticando, em suma, o conceito pan africanista de praticar a irmandade e através dela potencializar nossas vozes.
Sendo o posicionamento do Diretor do Grupo Gente de Teatro da Bahia, Luis Bandeira, com a frase “Trepar pra mim é político”, observamos que a vida e obra de um artista negro não estão dissociadas, já que somos esses seres históricos transformando a cada resistência nossa historicidade social e cultural.
A grandiosidade desse encontro para Capulanas Cia de Arte Negra, foi constatada através desses ínfimos apontamentos de elos revolucionários, já que nosso público alvo está nas comunidades, na Fundação CASA, e em diversos lugares de exclusão, onde ainda hoje nossos irmãos são maioria. Discutimos em nosso espetáculo o ser Negro e evidenciamos dentro desse universo a mulher negra, apresentando de forma muito intima nossos questionamentos e posições, logo, através de nossa arte pleiteamos o espaço de uma outra referência na vida dessas pessoas.
A Política é norteadora da Arte Negra, já que sua discussão está baseada no conceito de Negritude.
Texto Priscila Preta
Contrapartida MINC
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