terça-feira, 31 de maio de 2011

ONNIM - Prof. Cida Bento - Psicologia social do racismo anti negro - 19/05/2011

Branquitude X Negritude
O que é identidade?
Identidade é sua personalidade.
1- Cruzamento – Nós e o que vem de fora, você traz algo dos seus antepassados, a marca física (fenótipos) e psíquica. Iluminar suas memórias é ser você.
2- Separação – a criança se torna cada vez ela, quando ela se separa da mãe, até os dois anos é como se fosse uma parte da mãe, então é preciso separar para você ser uma coisa inteira.
3- Persistência e Mutação – Ontem e hoje eu sou a mesma coisa, mesmo estando em lugares e situações diferentes.
4- Identificar e constituir o EU – pequena memória de quem eu sou, o que faço, quais meus papéis na sociedade.
5- Identidade, Narcisismo e projeção – se aproximar do que é igual a você também é uma morte, pois mergulha e morre afogado. Reconhecer o outro ,como outro, é um processo doloroso. “Não temos que procurar a nossa metade da laranja, temos que ser uma laranja e encontrar outra inteira.”
6- Identidade e corpo – A regra do racismo é a negação do corpo negro. O corpo é uma imagem fundamental para a construção da identidade negra. Como fazer uma criança desde sempre se ver como uma coisa positiva? Ela ser alguma coisa que as pessoas gostam. A sociedade tem que oferecer diversos modelos para que todas as crianças possam se ver de maneira positiva.
Você passa a vida escolar estudando sobre Europa e EUA e pouco sabe sobre África, isso produz uma lacuna. Com o seu povo positivado é possível trazer uma identidade de um corpo que tenha sensações de prazer. Ajuda trazer memórias positivas, resignificar.
Separados mais iguais.
Identidade Negra
Pesquisa baseada na vida de Malcom X. Separada em 5 estágios.
1 – Preencontro – absorve os valores brancos, internaliza estereótipos negros, busca se afastar de outros negros, a questão racial não tem nada haver com sua vida.
2- Encontro – Vive uma situação de discriminação e constata que ele não pode ser branco, então se aproxima de um grupo que discuta sobre a questão racial.
3- Imersão/Emersão – Tudo que é bom é preto, quer denegrir (tornar negro) as pessoas brancas, se aproxima de coisas valiosas para a negritude. Busca sua própria história, outro contato com você mesmo. Vem a raiva.
4 – Internalização – Passa da fase de dizer quem é mais sofrido, mais preto e começa a ter uma atitude expansiva com negros, se relaciona com brancos que o respeite e se aproxima de outros grupos discriminados.
A identidade é uma espiral, vai e volta, passa pelos mesmos lugares de formas diferentes.
Do mesmo jeito que as loiras são vendidas como modelo de beleza, o jovem negro é vendido como modelo de sexualidade.
Como usar essa força que a gente vai ganhando com a construção da identidade negra? Como sair do discurso e levar pra vida? Como criar formas de enfrentar uma sociedade que tem posta o que é superior?
Clóvis Moura diz que esse tipo de sucesso que foi construído pelos brancos, pode não ser o que eu queira. Temos que pensar: O que te faz feliz?
Diferente dos EUA, os negros no Brasil dão indícios de que se queira uma nova sociedade e não um mundo branco pintado de preto, o conceito de sucesso se tivesse feito pelo nosso povo poderia ser muito diferente.
Brancos têm uma sociedade tecnológica e industrializada, mas os negros teriam tido mais cuidado com as pessoas. (Steve Biko).
Quando a cultura européia se sobrepõe a cultura negra e indígena, só aparece a pior parte das culturas: o negro como escravo e o branco opressor.
Capitalismo é uma expressão da masculinidade branca.
Branquitude pode se assemelhar a negritude, mas o branco nunca vai pensar o que é ser branco. Já o negro se pergunta quem eu sou? Quando fiz essa pergunta em uma dinâmica: O que é ser branco? Responderam: Ser branco é ser como qualquer pessoa.
Uma criança nasce marcada pelas heranças de seus familiares.
Cultura não pode estar dissociada de política. Arte Negra está no cotidiano das casas, das pessoas. Isso é um movimento revolucionário: fazer o que faz bem pra mim. Um pouco é brigar com a sociedade, um pouco é brigar com nós.
“ A gente tem que matar o branco que está dentro de nós” . – Luiza Bairros.
O povo Europeu é particularmente temeroso ao diferente, por isso ele destrói. Caça as mulheres, as bruxas, os demônios, negros, etc.
Um branco ao encontrar com um negro na rua escura, ele teme, pois sempre roubou o povo negro, sabe que o negro terá motivos para se vingar.
No ataque do PCC, a polícia estava apavorada, quem ela atacou? Negros, quem “têm” motivos para revoltar-se.
Os policiais matam jovens negros por eles terem a representação de poder sexual, ele é aquilo que os homens poderosos não são. E a corporação tem o pensamento branco, mesmo que seja um indivíduo negro, ele estará regido pelo aquele pensamento.
O homem branco tem suas marcas também.
Essas são algumas coisas que nos fazem vitimas da violência.
Como podemos não se esquecer das forças acumuladas que temos?

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